100 anos de cinema em Passo Fundo
Esse ano comemora-se um século da chegada da primeira sala de cinema ao município, e nessa data relembramos histórias inesquecíveis que marcaram a vida cultural da cidade. Ao todo, Passo Fundo teve em torno de oito cinemas de rua, uma história de luxo e glamour que ficou esquecida no tempo
De acordo com as pesquisas históricas feitas pelo escritor Marco Damian, foi por volta de 1910 que começaram a surgir as primeiras funções cinematográficas de Passo Fundo. O responsável pelas primeiras exibições foi Joaquim Pozzo. Além dele chegou também nessa época Roberto Silva que foi então o responsável por criar a primeira sala fixa de cinema em Passo Fundo, no ano de 1911.
Do cinema mudo para o cinema sonoro, do preto e branco para o colorido, a evolução do cinema foi marcada também pelo crescimento e amadurecimento cultural da cidade, que teve grandes momentos de muito luxo e glamour dentro de suas salas de cinema. Os cinemas eram a forma de entretenimento e lazer dos jovens da época. Confira um breve histórico sobre alguns cinemas de rua de Passo Fundo. Os dados foram retirados do livro “Páginas da Belle Époque Passo Fundense”.
Cinema Pathé
O Pathé foi o primeiro cinema permanente da cidade. Foi criado no ano de 1911 pelo ambulante Roberto Silva. Como o dono vivia uma vida itinerante, a sala de cinema acabava mudando seguidamente de local, em 1914 a sala ficava localizada na Avenida General Neto, num galpão de madeira. Somente em 1917, quando o cinema passou a se chamar “Cinema Brazil”, se estabeleceu definitivamente na Rua Moron, em frente à Praça Marechal Floriano. De acordo com informações da época um dos primeiros filmes exibidos na sala foi “Ladrões de Igreja” e teve grande repercussão na cidade.
Cinema Central
Fundado por volta de 1914 o cinema localizava-se na Avenida Brasil, esquina com a rua Sete de Setembro onde se encontra hoje o Shopping Bella Città. O cinema de propriedade da família Reichmann funcionou até 1920. No início da década de 20 a família mudou-se para o município de Erechim, fechando então o cinema em Passo Fundo e abrindo uma nova sala naquele município. Em 1927 o cinema passou a se chamar Cine Avenida.
Cinema Coliseu
O Coliseu foi um dos mais famosos cinemas de Passo Fundo e palco também de grandes decisões políticas. Ficava localizado no prédio nº 23 da Avenida General Neto, em frente à Praça Marechal Floriano e pertenceu inicialmente a família Della Méa. Fundado em 1920 o cinema foi marcado pelo glamour e pelo luxo. No inicio para a exibição dos filmes, o cinema contava com a participação de orquestras, que faziam a sonoridade para os filmes mudos.
O prédio contava com 50 camarotes divididos em duas ordens, mobiliados com cadeiras tipo austríacas. O cinema oferecia espaço para mil pessoas. Entre os grandes nomes que passaram pelo Coliseu esteve a pianista Rosa do Espírito, e o violinista Vicente Fittipaldi. Alguns anos depois da abertura do cinema, por volta de 1925, o cinema passou para a propriedade de Ney de Lima Costa. O cinema Coliseu foi marcado de grandes momentos, em 1948 um incêndio destruiu todo o cinema, que reabriu somente tempos depois.
Cinema Imperial
Também destruído por um incêndio o Cine Imperial reabriu outras vezes trocando também de donos. Em 1954 a empresa Rossi comprou também o Cine Imperial, que permaneceu então funcionando com a mesma denominação.
Cinema Real
O cinema Real ficava localizado onde antes se encontrava o Cine Coliseu. Adquirido pelos Cinemas Rossi, o Cine-Teatro Coliseu reabriu em 1953, um sábado, com o nome de Cine Teatro Real. O filme escolhido para a estreia foi o musical carnavalesco “É fogo na roupa” com Bené Nunes, Heloísa Helena, Ivon Cury e outros. O cinema também foi palco de um assassinato que marcou a história de Passo Fundo, durante uma sessão um padre local foi assassinado dentro do cinema enquanto assistia a um filme.
Cinema Coral
Localizado na Vila Rodrigues, o cinema ficou muito famoso logo na sua abertura, mas devido a distância do Centro acabou sendo extinto.
Cine Pampa
O Cine Pampa localizava-e do lado do Turis Hotel. O prédio onde se localizava o cinema acabou se transformando em um estacionamento privativo. O Cine Pampa foi um dos mais bonitos do município e palco da exibição de filmes que marcaram grandes momentos da história do cinema.
O glamour e o luxo da Belle Époque
O livro “Páginas da Belle Époque Passo Fundense”, escrito pelos irmãos Marco Antonio Damian e Heleno Alberto Damian conta a histórias dos anos mais glamouros de Passo Fundo. Uma pesquisa minuciosa sobre momentos e pessoas que marcaram a vida cultural de Passo Fundo. O livro é um resgate de informações valiosas sobre o passado da cidade, que por muitas vezes ficou esquecido e até mesmo desconhecido. A obra investiga os primeiros 30 anos do século XX, relata não apenas a história dos cinemas e teatros, mas também da trajetória da imprensa local e a vida social de Passo Fundo. |